O Círio de Nazaré, uma das maiores demonstrações de fé do Brasil, mobiliza centenas de devotos todos os anos, que enfrentam jornadas físicas extenuantes como forma de agradecer bênçãos ou realizar pedidos especiais. Neste ano, não foi diferente. Na tarde de sexta-feira (11), a Casa de Plácido, em Belém, acolheu diversos fiéis, com uma forte presença de devotos vindos de Castanhal, cidade localizada a cerca de 75 quilômetros da capital paraense.
Entre os fiéis estava o professor Carlos Alberto Sousa, de 39 anos, que percorreu a distância em 23 horas. A tradição de caminhar até Belém para honrar Nossa Senhora de Nazaré faz parte de sua vida desde os 13 anos, quando acompanhava sua avó e mãe. “Vim pedir pela saúde da minha esposa. Todo ano estou aqui nessa época para agradecer, servir e venerar”, contou emocionado.
A pedagoga Araceli Santiago, de 51 anos, também percorreu a longa distância pela fé. Devota desde a infância, Araceli faz o percurso há 15 anos. Ela contou que se apegou à Virgem de Nazaré quando seu filho, ainda pequeno, foi curado de uma hérnia inguinal. “Meu filho foi curado com a ajuda dela. Nossa Senhora é tudo em nossa vida”, declarou.
A diretora escolar Débora Campos, de 51 anos, enfrentou 22 horas de caminhada. Em sua primeira vez realizando o trajeto de Castanhal até Belém, ela chegou à Praça Santuário com os pés enfaixados, mas cheia de gratidão. “É uma emoção inexplicável. É uma mistura de sentimentos que envolvem fé e agradecimento”, afirmou.
Outro devoto que demonstrou imensa fé foi o educador físico Rodolfo Fernando Barbosa, de 59 anos. Morador de Belém, ele foi até Castanhal apenas para iniciar a caminhada de 24 horas de volta até a capital, cumprindo sua promessa. “Pedi a ajuda de Nossa Senhora para realizar meu sonho de cursar Educação Física e consegui. Sou grato por tudo”, disse, emocionado, enquanto usava uma muleta improvisada.
O transportador Jessé Cavalcante, de 46 anos, também marcou presença na peregrinação, vindo a pé de Santa Izabel do Pará. Em sua primeira vez percorrendo os 46 quilômetros até Belém, Jessé declarou que a fé o motivou a enfrentar a jornada de 13 horas. “Todo ano eu venho para o Círio, mas esta foi a primeira vez que fiz esse percurso a pé. Eu estou aqui por ela. A fé é algo que não conseguimos explicar”, compartilhou.
A devoção a Nossa Senhora de Nazaré continua a mover multidões, e a Casa de Plácido segue acolhendo esses fiéis, oferecendo apoio e assistência àqueles que completam suas promessas, mostrando que o Círio de Nazaré é muito mais do que uma manifestação religiosa – é uma expressão de fé inabalável.